Rosto da extrema-direita Calin Georgescu segue à frente para segunda volta das presidenciais romenas
A primeira volta das eleições presidenciais na Roménia terminou com uma reviravolta nos resultados e uma surpreendente vitória do independente e pró-russo Calin Georgescu. Depois de o atual primeiro-ministro, o social-democrata Marcel Ciolacu, ter sido ultrapassado pelo candidato de extrema-direita, as contagens finais da manhã desta segunda-feira empurraram a líder do partido de centro-direita para segundo lugar. Derrotado Ciolacu, há um novo cenário para a segunda volta das eleições: Georgescu vai a votos contra Elena Lasconi.
Lasconi ultrapassou o primeiro-ministro de esquerda, Marcel Ciolacu, que era o favorito nas sondagens para vencer a primeira volta, com o forte apoio dos eleitores romenos que vivem no estrangeiro. As sondagens indicavam Georgescu com cerca de cinco por cento dos votos na corrida para a Presidência, depois de quase nem ter percentagem nas primeiras prospeções.
Nos primeiros resultados, quando se começou a contar os votos, os dois contendores que mais perderam na progressão foram o candidato de extrema-direita George Simion e a liberal-conservadora Elena Lasconi, ambos com 15 por cento, quando antes das eleições pareciam estar a competir pelo segundo lugar. Na véspera das eleições, muitos esperavam ver George Simion, um apoiante declarado do presidente eleito dos EUA, enfrentar Ciolacu na segunda volta.
Depois de ter votado no domingo, Georgescu disse numa publicação no Facebook que votou "pelos injustos, pelos humilhados, por aqueles que sentem que não importam e que, na verdade, são os que mais importam... o voto é uma oração pela nação".
Numa primeira reação, a imprensa romena citava “uma tremenda surpresa” e “resultados inesperados”. Apesar das ideias radicais e declarações pró-russas durante a campanha, Calin Georgescu “conseguiu alcançar um resultado surpreendente na primeira volta, permanecendo praticamente invisível para os principais meios de comunicação social”, avançou o portal Transtelex.ro. A mesma fonte acrescentava que a campanha do candidato de extrema-direita foi, essencialmente, conduzida nas redes sociais. O forte desempenho de Georgescu, que não representa nenhum partido e que fez campanha principalmente no TikTok, é já considerado a maior surpresa destas eleições.
Georgescu afirmou, após o encerramento das urnas, que as eleições foram “um surpreendente despertar de consciências”, segundo o jornal online Digi24.ro.
"Somos fortes e corajosos, muitos de nós votaram, ainda mais farão o mesmo na segunda volta", disse ainda Georgescu.
“Quero agradecer a todos os romenos que votaram hoje. Foi um sinal claro de que a Roménia é uma democracia forte e estou contente por a votação ter decorrido sem incidentes graves”, escreveu o social-democrata Ciolacu no Facebook, após o encerramento das assembleias de voto.
O presidente da Roménia tem um papel semi-executivo, tendo controlo sobre os gastos com Defesa - o que pode mudar o cenário romeno, visto que Bucareste está a tentar manter as metas de gastos da NATO durante o segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e tenta reduzir um pesado deficit fiscal.
Quem é Calin Georgescu?
Calin Georgescu, de 62 anos, concorreu de forma independente e não era muito conhecido até à campanha, tendo superado a maioria das sondagens e causado uma reviravolta no palco político romeno à medida que ascendia na contagem dos votos.
De acordo com o site de campanha, Georgescu é doutorado em pedologia, um ramo da ciência dos solos, e ocupou diferentes cargos no Ministério do Ambiente da Roménia na década de 1990. Entre 1999 e 2012, foi representante da Roménia no comité nacional do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
Anteriormente um membro proeminente do partido de extrema-direita Aliança para a União dos Romenos, Georgescu chamou o escudo de defesa de mísseis balísticos da NATO de "vergonha da diplomacia". Segundo o candidato, a aliança do Atlântico Norte não protege nenhum dos membros caso sejam atacados pela Rússia.
De acordo com o site de campanha, Georgescu é doutorado em pedologia, um ramo da ciência dos solos, e ocupou diferentes cargos no Ministério do Ambiente da Roménia na década de 1990. Entre 1999 e 2012, foi representante da Roménia no comité nacional do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
Anteriormente um membro proeminente do partido de extrema-direita Aliança para a União dos Romenos, Georgescu chamou o escudo de defesa de mísseis balísticos da NATO de "vergonha da diplomacia". Segundo o candidato, a aliança do Atlântico Norte não protege nenhum dos membros caso sejam atacados pela Rússia.
Numa entrevista em 2021, o candidato referiu como "heróis nacionais" Ion Antonescu, o líder da Roménia na II Guerra Mundial que foi condenado à morte por intervir no Holocausto, e Corneliu Zelea Codreanu, o líder da Guarda de Ferro antes da Segunda Guerra Mundial - um dos movimentos antissemitas mais violentos da Europa.
Mais tarde, numa outra intervenção, Georgescu afirmou que a Roménia não estava preparada para lidar com nada diplomatica e estrategicamente e que a melhor hipótese estava na "sabedoria russa". No entanto, nunca assumiu explicitamente que apoia a Rússia na guerra contra a Ucrânia.
A Roménia partilha uma fronteira de 650 quilómetros
com a Ucrânia e, desde que a Rússia invadiu o território ucraniano,
Bucareste permitiu a exportação de milhões de toneladas de cereais
através do porto de Constanta no Mar Negro e forneceu ajuda militar a
Kiev, incluindo a doação de uma bateria de defesa aérea Patriot.
Entre os outros candidatos contam-se o antigo secretário-geral adjunto da NATO, Mircea Geoana, que concorreu de forma independente e obteve cerca de 6 por cento, e Nicolae Ciuca, antigo general do exército e líder do Partido Nacional Liberal, de centro-direita, atualmente numa coligação tensa com o PSD, que obteve 9,3 por cento.
Concorreram 13 candidatos à Presidência do país-membro da União Europeia e da NATO.
Concorreram 13 candidatos à Presidência do país-membro da União Europeia e da NATO.
Entre a primeira e a segunda volta das eleições presidenciais, marcada para 8 de dezembro, realizar-se-ão também na Roménia, dentro de uma semana, as eleições legislativas.
Cerca de 9,5 milhões de romenos, ou seja, um pouco mais de 52 por cento dos 18 milhões de romenos com direito de voto, foram no domingo às urnas, numa participação ligeiramente superior à registada há cinco anos. Foi a nona eleição de um chefe de Estado desde a queda da Cortina de Ferro, a chamada “Revolução de dezembro” (1989).
O presidente eleito substituirá o atual chefe de Estado, o liberal Klaus Iohannis, que ocupou o cargo durante dez anos.
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